Sunday, March 11, 2007

Faixa 7. Kana | Triple Threat

Deixei para o último dia os “extras” de Kana. Já falei ao longo destes posts sobre os bonecos, as ilustrações, etc. porém, foi sempre a passar. Antes de passarmos ao próximo artista gostava de falar um pouco mais sobre esses itens, as ideias de Kana e as suas ilustrações.

Tudo à volta de Kana é sobre fantasia. Ela leva o papel muito a sério e o seu lema é “sê real a ti mesmo”. Sabemos que ela transmite isto para a música e é também o que tenta fazer um pouco por todo o lado.

VHS

O VHS de Kana não foi nada de extraordinário no entanto ele merece ser referido. É uma compilação de diversos clips e aí é que está a diferença: o mundo fantástico de Kana.

A cada clip ela existe num outro mundo onde a sua actuação é diferente de tudo aquilo a que estamos habituados. A relação entre a imagem que nos chega e aquilo que ouvimos não é sempre fácil de interpretar. Existe sempre um conceito que envolve roupas e cenários mas são principalmente os pormenores que torna os clips tão apetecíveis. Vejamos como o assunto da infância, da impotência face ao que nos rodeia, da diferença de tamanhos entre nós e o mundo e entre nós e a realidade à nossa volta, surge constantemente.

Em diversos clips somos “largados” no meio de uma floresta de onde não vemos a saída, a imagem não pára durante muito tempo criando uma instabilidade constante aumentada pelo ritmo da música e da forma única de Kana cantar.

As suas roupas que nos remetem ao mundo das Lolitas e, muito comum também, os jogos infantis como a apanhada ( durante a qual ela costuma fugir) e as escondidas ( neste jogo costuma ser ela a perseguir). Seja qual for o jogo reparemos como ela, a personagem principal se coloca sempre na posição daquele que nada sabe e que tem de descobrir por si só.

Quanto ao filme em que participou não sei nada. Mas, sei que nos seus clips pormenores destes lembram-nos como as suas interpretações são pensadas e não apenas a música aplicada a uma história, como se precisássemos que nos fizessem um boneco para compreender a letra.


Ilustração

Digo-vos que a primeira vez que vi os desenhos de Kana disse para mim mesma: “pronto! Eu sei que há vários tipos de ilustração…e também há mercado para tudo, mas…”

Porém, assim como me aconteceu com os clips, fui-me dando conta que aquela era a Kana: ela tenta mostrar tudo com muito pouco. Tal como nos clips os efeitos visuais são muito limitados sendo conseguidos maioritariamente com planos alternativos e um bom cenário e guarda-roupa.

Os seus desenhos, tão simples, quase primários, acarretam muita informação. Reparem como o traço é forçado a ser “torto”. Havia mesmo necessidade de ser tão irregular? Não me parece. O que isso faz na realidade é acrescentar textura visual dando a entender que há muito pormenor num local em que apenas há alguns “riscos”. Gostava de saber mais sobre o traço dela. O porquê de se ter tornado assim e não a perfeita imagem da lolita no seu mundo. Talvez ela queira mostrar como não são assim tão perfeitas…não faço ideia.

A parte de ilustração do site oficial não está terminada. Quando estiver talvez venhamos a saber mais qualquer coisa sobre este aspecto de Kana.

Merchandising

Se queres fazer um mundo especial só para ti e leva-lo pelo mundo através de clips e concertos porque não dar aos outros um bocadinho de ti em algo que não vai desaparecer com o tempo da memória. E nasceram as colecções de bonecos.

A sua colecção de coelhinhos é adorável. Vemo-los com uma série de roupinhas fazendo várias personagens como um vampiro ou uma lolita ou ainda um rapazinho com fato de marinheiro. Mas tal como as suas ilustrações há algo ali de diferente. Reparem como o pêlo dos bichos nunca desce. Além disso, em especial os pretos de olhos brancos, parecem pequenos coelhos demónio prontos a saltar em cima dos novos donos xD

A boneca Momoco, uma das mais conhecidas pelo mundo ( elas ainda chegaram cá mas a Barbie superou-as em vendas :\) é o oposto àquilo que eu esperava. Com um corpo quase humano pensei que Kana fosse soltar toda a sua criatividade e vontade de ser ela mesma…em vez disso criou um comum vestido lolita preto às bolinhas brancas. Uma saia larga um pouco mais curta que a comum lolita humana, com uma parte de cima tipo corpete com mangas e a acrescentar uma fita preta com bolas brancas. Só?!

E o mesmo acaba por acontecer no resto merchandising presente no site. É claro que para certos fãs, com menos disponibilidade financeira trazer para casa um pequeno marcador da Kana é bem melhor do que vir de mãos a abanar, mesmo assim poderíamos ter acesso a uma gama mais criativa de itens.

Talvez seja de mim mas foi a sensação que tive de Kana: sê diferente, sê arrojada. Hum…talvez ainda vá a tempo de ver isso no campo do merchandising.


Modelo

Aquela cara adorável que ela tem é mesmo cara de modelo. É magra, bem feita e pequenina como os nipónicos gostam. Tem um daqueles corpos em que tudo parece assentar na perfeição o que pode ser um bocadinho irritante para alguns de nós, mas perfeito para as revistas e agências de modelos.

Kana soube aproveitar esse facto muito bem aparecendo em diversas revistas. Parece fazer questão em mostrar os fatos mais arrojados na esfera lolita assim como envolver-se em ambientes completamente fantasiosos. Uma das aparições que me ficou na mente foi uma em que “contracenou” com o coelho da Alice no Pais das Maravilhas. A maneira como fora atada e deixada encostada a uma árvore como se de uma boneca se tratasse fez-me ficar a olhar para aquela imagem.

Outra imagem, também relacionada com Alice, é uma em que ela aparece numa espécie de roupa mais íntima estilo rainha de copas. Mesmo tendo o ceptro na mão e a coroa na cabeça, Kana não larga aquela expressão.

Acho que esse é o único senão dela neste campo, não se esgotará com o tempo aquela expressão de menina perdida?

…Aquilo que eu acho que ela realmente precisava era de uma ajuda no desenvolvimento do raciocínio escrito…Vejam bem esta entrevista do site Kana-P no Mori. Eu sei que está traduzido e isso não ajuda. Mas eu fiquei a tentar compreender o que vai naquela cabeça. Cheguei à conclusão que devia ser tanta coisa que dificultava a criação de uma sólida linha de raciocínio xD

Não ser perfeita em todas as áreas faz todo o sentido. São muitas e há sempre espaço para melhorar. Mas o facto de se lançar de cabeça em todas elas é de louvar. Acho que todos nos podemos aprender qualquer coisa daqui, em especial, no que conta à vontade e dedicação e principalmente, ao ser verdadeiro consigo mesmo.

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